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Pare de Trabalhar!

Fiquei algum tempo em bloqueio criativo com muita dificuldade para escrever e produzir. Ao me encontrar exaurida de forças, decidi tirar alguns dias de férias em um lugar distante de casa, sozinha, onde eu pude me dedicar à alimentação balanceada, à saúde e a fazer exercícios físicos.

 

Me considero privilegiada por poder trabalhar em algo que amo muito e me sinto útil. É fascinante acompanhar o desempenho de empresas, auxiliando em seu crescimento. É muito gratificante ajudar pessoas a conhecerem suas competências e potenciais por meio dos treinamentos. É um trabalho que me realiza muito, porém eu perdi a mão. Como assim? Eu faço o que gosto e me extingui? Pois é. Esta pergunta me acompanhou nos 15 dias onde eu estava reaprendendo a viver de forma saudável e fazendo a conta do quanto eu fui displicente com a minha saúde. Em que momento me atropelei na minha própria rotina de trabalho de tal forma que afetou meus resultados?

 

Não é novidade dizer que 2016 foi um ano exigente. Juntei ouvir isto mil vezes, sentir isto outras 500 vezes e por alguns anos consecutivos chegar ao final do ano exausta. Fui eu para as férias, a então rainha da culpa, me achando a única nesta situação. Grande foi a minha surpresa quando eu encontrei várias outras pessoas na mesma situação em que eu estava, buscando o mesmo que eu estava buscando.

 

Pessoas cansadas, apesar de terem produzido. Pessoas infelizes consigo mesmas. Pessoas que precisavam se reencontrar com elas, pois lá fora nao tinham tempo para elas. Pessoas que racionalmente nao tinham nada para reclamar sobre nada. Pessoas que estavam – como eu – com o corpo pedindo equilíbrio. Pessoas bem sucedidas lá fora e ponto.

 

Refletindo sobre tudo isto, cheguei a uma conclusão triste. Veja bem: a palavra trabalho vem do latim tripalium que é um instrumento de tortura comum em tempos remotos no velho mundo. Aqueles que não podiam pagar os impostos sofriam torturas realizadas com este instrumento. Sendo então trabalhador aquele que era destituído de posses, precisando dedicar seu tempo à atividades difíceis ou então ser torturado com o tripalium. Nos acostumamos a usar um verbete que tem a ver com tortura, dor e sofrimento para o que tem de mais importante na nossa vida que é a obra que vamos deixar como legado que é o trabalho.

 

Aprendi pagando caro em moeda não financeira, que me dedicar à alimentação, à saúde e exercícios físicos é que tem que ser rotina. A hora extra, o noite adentro trabalhando, as mil viagens sem qualidade de sono e ficar sem tempo para comer de 3 em 3 horas… Ufa! Isto tem que ser exceção! Uma vez ou outra para alcançar um objetivo específico. Aí faz sentido, aí é sustentável, aí dá prazer. Se não, assim como aconteceu comigo, a gente perde a mão e não há férias que curem o cansaço de fazer algo que não tem mais propósito para você.

 

Se o seu trabalho é desculpa para uma vida desequilibrada, se o seu trabalho não está te inspirando uma vontade imensa de acordar e ir realizar o que você acredita, o seu dom, o que você é bom, a sua missão. Epa! Pode parar agora e colocar – sim, você colocar – significado no que você está fazendo. Só com significado o cotidiano tem sabor.

 

E quando lhe disserem “Você não tem férias? Que dó.” E você responder normalmente “Que nada..” dando a entender que você vive “de férias”. Aí você encontrou o seu propósito.

 

No sentido etimológico da palavra, este é o aprendizado que compartilho aqui: pare de trabalhar hoje mesmo.

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